Hoje um número desconhecido de neopagãos adota os princípios de uma fé popularmente chamada de bruxaria (feitiçaria) e conhecida entre os iniciados como “a prática”. Essa religião também conhecida pelo nome Wicca, uma palavra do inglês antigo que designa “feiticeiro”; pode estar relacionada com as raízes indo-européias das palavras Wic e Weik, que significam “dobrar” ou “virar”. Alguns estudiosos afirmam que esta palavra vem da raiz germânica wit que significa saber.
A religião Wicca, depois de se popularizar na Europa e América do Norte, nos últimos anos vem ganhando grande número de adeptos no Brasil e nas demais partes do mundo.
Portanto, aos olhos dos modernos adeptos da Wicca, as bruxas nunca foram as megeras ou mulheres fatais descritas pelo populacho, mas sim homens e mulheres capazes de “dobrar” a realidade através da prática da magia.
Mas o estereótipo persiste, e as bruxas continuam a ser objeto de calúnia, lutando para desfazer a imagem de companheiras do diabo. Para muitos, a bruxa era, e ainda é, a adoradora do demônio. Isso é uma falsa afirmação!
Bem recentemente, em 1952, o autor britânico Pennethorne Hughes classificou algumas feiticeiras (bruxas) da história como “lascivas e pervertidas”, atribuindo-lhes uma longa lista de pecados reais ou imaginários.
“Elas faziam feitiços”, escreveu, “causavam prejuízos, envenenavam, provocavam abortos no gado e inibiam o nascimento de seres humanos, serviam ao diabo, parodiavam os rituais cristãos, aliavam-se ao inimigo do rei, copulavam com outros bruxos ou bruxas que chamavam de íncubos ou súcubos e cometiam abusos com animais domésticos.”
Diante de tantas acusações, não chega a ser surpreendente o fato de que as palavras “mago”, “feiticeiro” ou “bruxo” e “magia”, “feitiçaria”, ou “bruxaria” continuem a despertar profundas reações. A bruxaria é uma palavra que assusta a uns e confunde a outros. “Na mente do povo”, as bruxas do passado são “maléficas satanistas” que participavam de rituais obscenos.
E a opinião contemporânea não tem demonstrado bondade maior para com as feiticeiras atuais, considerando-as, “membros de um culto esquisito, que não tem a profundidade, dignidade ou seriedade de propósitos de uma verdadeira religião”.
Mas trata-se de fato de uma Religião, tanto para quem a religião é “uma necessidade humana de beleza”, como no sentido que figura no dicionário: “sistema institucionalizado de atitudes, crenças e práticas religiosas”.
Até mesmo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos cedeu às reivindicações dos praticantes da Wicca para que esta fosse considerada como religião válida e, em meados da década de 70, o Pentágono recrutou uma feiticeira, Lady Theos, para revisar o capítulo referente à bruxaria no Manual dos Capelães do exército.
As contribuições de Lady Theos foram atualizadas em 1985, por uma erudita neopagã chamada Selena Fox.
Outro sinal dos tempos pode ser visto nos cartões de identidade dos membros das forças armadas, nos quais as palavras “pagão” e “wiccan” agora aparecem com freqüência, embora certamente em menor número, do que os nomes de outras afiliações religiosas.
Apesar desse reconhecimento e embora a Constituição americana, tal como a brasileira garanta o direito à liberdade de crença, a prática de feitiçaria ainda enfrenta duras críticas e até mesmo uma perseguição premeditada.
Esses ataques naturalmente não se comparam, em escala e em violência, com o prolongado reinado de horror que predominou do século XIV ao XVII, período descrito pelas feiticeiras contemporâneas com “a época das fogueiras”, ou “a grande caçada às bruxas”.
De fato, a perseguição atual é comparativamente até benigna: demissões de empregos, perda da custódia dos filhos, prisão por infrações aos bons costumes, mas causa prejuízos que levaram a alta sacerdotisa da ordem Wicca, Morgan McFarland, a rotular estes tempos como “a era das fogueiras brandas”.Instrumentos:
Embora pouco usado para manipular coisas físicas, estes implementos primários são chamados de instrumentos de feitiçaria. Jamais são utilizados para ferir seres vivos, declaram os iniciados, e muito menos para matar. Os bruxos dizem que eles estão presentes em rituais inofensivos e até benéficos, cerimônias desempenhadas ara efetuar mudanças psíquicas ou espirituais. Recipientes como a taça e o caldeirão simbolizam a Deusa e servem para captar e transformar a energia. Os instrumentos longos e fálicos - o athame, a espada, o cajado e a varinha - naturalmente representam o Deus; são brandidos para dirigir e cortar enegias. Para cortar alimentos durante os rituais, os feiticeiros utilizam uma faca simples e afiada com um cabo branco que a diferencia do athame.
Tradicionalmente, os bruxos preferem encontrar ou fabricar seus próprios instrumentos, que sempre consagram antes de utilizar em trabalhos mágicos. A maioria dos iniciados reserva seus instrumentos estritamente para uso ritual; alguns dizem que os instrumentos não são essenciais, mas ajudam a aumentar a concentração.
A Vassoura
A imagem tão familiar hoje em dia de uma bruxa atravessando os céus noturnos montada em uma vassoura fez sua primeira aparição pública no século XV, no manuscrito Lê Champion des Dames (O Campeão das Damas) do escritor suíço Martin Le Franc. Porém, as conotações mágicas das vassouras são muito mais antigas do que as descritas por Martin Le Franc.
Há muito as vassouras têm sido associadas à magia feminina e a mulheres poderosas. Diga-se de passagem, transformaram-se no equivalente feminino do cajado usado por Moisés para abrir o mar vermelho.
As Sagradas Parteiras da Roma Antiga varriam as soleiras das casas das mulheres grávidas, acreditando que assim espantariam os maus espíritos, protegendo as mães e os seus bebês.
Desde essa época, as vassouras tinham seu poder simbólico para questões mundanas e grandiosas. Em algumas regiões da Inglaterra, até bem recentemente, as mulheres deixavam suas vassouras do lado de fora ao ausentar-se de casa.
No País de Gales e entre os ciganos, a tradição determinava que, para selar os casamentos, os noivos deviam pular uma vassoura colocada na entrada da nova casa (Na Wicca, a vassoura faz parte da cerimônia de casamento, chamada Pacto).
Símbolo do lar, da Deusa e do Deus, a vassoura é um dos instrumentos favoritos dos iniciados usados para a limpeza psíquica do espaço do ritual antes, durante e após os trabalhos mágicos.
Como símbolo de um passado pagão, a vassoura despertou hostilidade entre os cristãos caçadores de bruxas. Mas, contrariando a crença popular, poucas das confissões forjadas durante os julgamentos às bruxas mencionavam vassouras.
Embora os acusadores costumassem enfiar idéias nas cabeças de suas vítimas, não era comumente adotada nos Tribunais, a imagem da vassoura voadora. Porém, este conceito permanece e, é até os dias de hoje um ícone inseparável da bruxa.
O Caldeirão
O caldeirão é o instrumento da Bruxa por excelência. Um antigo recipiente culinário, imbuído em mistério e tradição mágica. O caldeirão é o recipiente no qual ocorrem as transformações mágicas; tem um significado muito especial. É o símbolo máximo da Deusa, é seu útero, sua essência de feminilidade manifestada e sua fertilidade. Está relacionado com o elemento Água e se situa ao centro do Círculo Mágico e do Altar.
É também um símbolo da reencarnação, da imortalidade e da inspiração. As lendas Celtas acerca do caldeirão de Cerridwen tiveram grande impacto na Wicca contemporânea. O caldeirão é geralmente um ponto central dos rituais.
A Taça "O Cálice"
A taça é o símbolo da Deusa, do princípio feminino e de sua energia e relaciona-se ao elemento da Água, outro símbolo da Deusa. É usada nos Rituais e Sabás como recipiente para água ou vinho consagrada, estando ao Leste do Altar e do Círculo Mágico.
A Taça pode ser feita de vários materiais como, prata, bronze, ouro, barro, pedra-sabão, alabastro, cristal. Porém é recomendado que seja de prata.
A Espada
A espada, como o athame, desempenha o corte simbólico ou psíquico, especialmente quando é utilizada para desenhar um círculo mágico, isolando o espaço dentro dele.
Além de traçar círculos, exorciza o mal e as forças negativas. Também é tradicional que no cabo tenha símbolos mágicos.
O Athame
O athame é uma adaga, obrigatoriamente de cabo preto, usada em algumas linhas de bruxaria. Ele é utilizado para lançar o círculo mágico, para traçar emblemas mágicos no ar, para direcionar a energia e para controlar e banir espíritos.
As origens da palavra athame foram perdidas na história. Alguns dizem que possa ter vindo de 'A Chave de Salomão' que se refere à faca como arthana, enquanto outros afirmam que athame vem da palavra árabe al-adhamme ("letra de sangue"), que se refere a uma faca sagrada usada na tradição mourisca.
Em qualquer um dos casos, há manuscritos datados do século XI que abordam o uso de facas rituais na Magia. O uso de uma faca sagrada em ritos pagãos é bastante antigo. Há um desenho de um vaso grego datado de aproximadamente 200 a.c. que mostra duas bruxas nuas tentando invocar os poderes da Lua para a sua magia. Uma delas está segurando uma varinha e a outra segura uma pequena espada.
Bolline - Faca de Cabo Branco
A faca de cabo branco (por vezes chamada de Bolline) é simplesmente uma faca prática, de trabalho, ao contrário da puramente ritualística faca mágica.
É utilizada para cortar galhos ou ervas sagradas, inscrever símbolos em velas ou na madeira, cera ou argila, e para cortar cordas a serem utilizadas em magia. Normalmente possui cabo branco para distingui-la da faca mágica.
O Pentagrama
O pentagrama consiste, normalmente, em uma peça plana de latão, ouro, prata, madeira, cera ou cerâmica, com alguns símbolos inscritos. O mais comum, e sem dúvida o único necessário, é o próprio pentagrama, a estrela de cinco pontas que vem sendo usado em magia há milênios.
Trata-se de um dos símbolos pagãos mais utilizados na magia cerimonial pois representa os quatro elementos (água, terra, fogo e ar) coordenados pelo espírito, sendo considerado um talismã muito eficiente.
Nesta antiga arte, era geralmente usado como um instrumento de proteção, ou uma ferramenta para evocar espíritos. Cada ponta representa um elemento da natureza: ar, água, fogo, terra e a quinta ponta representa o espírito acima de todos os elementos, porém, quando usado invertido, significa "todos os elementos acima do espírito", é tido como o simbolo do deus egipcío baphomet nos dias atuais.
Pentagrama na astronomia
Baseados na antiga astronomia ptolomaica, que tentava manter a orbita dos outros planetas ao redor da Terra, astrônomos do passado criaram órbitas excêntricas para os planetas e isso fez com que a órbita de Venus desenhasse um pentagrama no espaço. Originalmente, o pentagrama não simboliza de jeito nenhum algum tipo de malefício. Ele é um símbolo muito poderoso e têm a ver com as forças ocultas.
Livro das Sombras
O Livro das Sombras é um diário usado por praticantes de magia ritual para registrar rituais, feitiços, e seus resultados, bem como outras informações mágicas. Tanto praticantes individuais quanto covens mantêm esse tipo de Livro.
Em algumas Tradições Wiccanas (por exemplo a Gardneriana), o Livro das Sombras é um texto contendo os rituais, práticas e a sabedoria daquela Tradição. É normalmente copiado à mão pelo praticante, a partir da cópia de seu(sua) iniciador(a). O material da Tradição não pode ser mudado, apesar de que algumas adições possam ser feitas. Alguns Wiccanos mantêm ainda um Livro das Sombras pessoal, além daquele de sua Tradição.
O Bastão
O bastão é um dos instrumentos mais importantes. Tem sido utilizado há milhares de anos em ritos mágicos e religiosos. É um instrumento de invocação. A Deusa e o Deus podem ser chamados para assistirem ao ritual por meio de palavras e de um bastão erguido.
Também é por vezes utilizado para direcionar energia, para desenhar símbolos mágicos ou um círculo no solo, para indicar a direção de perigo quando perfeitamente equilibrado na palma da mão ou no braço de um Bruxo, ou mesmo para mexer um preparado em um caldeirão.
O bastão representa o elemento do Ar para alguns Wiccanos, e é sagrado para os Deuses. Há madeiras tradicionais para a confecção de um bastão, dentre elas o salgueiro, o sabugueiro, o carvalho, a macieira, o pessegueiro, a avelã e a cerejeira. Alguns Wiccanos a cortam com o comprimento da ponta de seu cotovelo até a extremidade de seu indicador, mas isto não é necessário. Qualquer peça relativamente reta de madeira pode ser utilizada.
Buril - É um ferro usado para gravar nomes sagrados, números, símbolos em punhais, espadas.
Prato de Sal - Simboliza o elemento terra e é usado para purificar.
Velas - Simboliza elemento fogo. A vela é o símbolo de seu pedido, pois quando ela vai se queimando leva o seu pedido para misturar ao elemento éter.